sexta-feira, 18 de março de 2011

O ROMANTISMO

O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.
O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.
As características principais deste período são : valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história. Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.
.Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo.

                                       ROMANTISMO NO BRASIL 


Em nossa terra, inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do pais. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do nosso pais e o cotidiano popular.
No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país.





Manuel Antônio Álvares de Azevedo, filho do doutor Inácio Manuel Álvares de Azevedo e dona Luísa Azevedo, é reconhecido como um dos maiores talentos do Romantismo.
Nascido em São Paulo, em 12 de setembro de 183, Álvares de Azevedo, como é conhecido, se formou em Letras aos dezesseis anos e ingressou em seguida no curso da Faculdade de Direito de São Paulo, em 1848. Estudou latim, grego, francês, inglês e alemão. Foi um aluno prodígio e, durante os anos de estudo, leu e escreveu muito, produzindo praticamente toda a sua obra literária. Pertenceu à chamada segunda geração do Romantismo brasileiro, influenciada pelo poeta Byron,  cuja poesia se caracterizou pelo ultra-romantismo, subjetividade e pessimismo frente à vida. 
Álvares não publicou quase nada em vida, vindo a falecer aos 20 anos, vítima de tuberculose, em 25 de abril de 1852. Logo em seguida, saíram as primeiras edições de suas Poesias. Além de poesias, que foram reunidas no livro Lira dos vinte anos, Álvares de Azevedo deixou também uma obra dramática, Macário, e um volume em prosa, Noite na taverna.












quinta-feira, 17 de março de 2011

Por Você - Barão Vermelho



Por Você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio à Salvador

Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno

Por Você!
Eu deixaria de beber
Por Você!
Eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia prá virar burguês.

Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher

Por Você! Por Você!
Por Você! Por Você!
Por Você!
Conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho

[...]




Onde Estás?

Oh, amada minha
Para onde fostes doce rainha?
Não mais te vejo
Quando desejo de te reencontrar!

Você partiu sem me contar
Mais o que é que há?
Se quiser vou te buscar
Vou à pé ou como bem quiser
Só me chame
Me grite
Me convide!

Oh, bela aventureira
Criança-adolescente
Sendo tão inconsequente
Tua voz a me chamar
Pode ser ilusão
Ou apenas um coração cheio de imaginação
Mas mesmo ausente
Tua firme voz sempre se faz presente!



Poesia do grupo

O Poeta Moribundo


Poetas! amanhã ao meu cadáver 
Minha tripa cortai mais sonorosa! 
Façam dela uma corda, e cantem nela 
Os amores da vida esperançosa!


Cantem esse verso que me alentava... 
O aroma dos currais, o bezerrinho, 
As aves que na sombra suspiravam, 
E os sapos que cantavam no caminho!


Coração, por que tremes? Se esta lira 
Nas minhas mãos sem força desafina, 
Enquanto ao cemitério não te levam 
Casa no marimbau a alma divina!


Eu morro qual nas mãos da cozinheira 
O marreco piando na agonia . . .
Como o cisne de outrora... que gemendo 
Entre os hinos de amor se enternecia.


Coração, por que tremes? Vejo a morte 
Ali vem lazarenta e desdentada. .. 
Que noiva!. . . E devo então dormir com ela?. ..
Se ela ao menos dormisse mascarada!


Que ruínas! que amor petrificado! 
Tão antediluviano e gigantesco! 
Ora, façam idéia que ternuras 
Terá essa lagarta posta ao fresco!


Antes mil vezes que dormir com ela, 
Que dessa fúria o gozo, amor eterno. . . 
Se ali não há também amor de velha, 
Dêem-me as caldeiras do terceiro Inferno!


No inferno estão suavíssimas belezas,
Cleópatras, Helenas, Eleonoras;
Lá se namora em boa companhia,
Não pode haver inferno com Senhoras!


Se é verdade que os homens gozadores, 
Amigos de no vinho ter consolos, 
Foram com Satanás fazer colônia, 
Antes lá que no Céu sofrer os tolos!-


Ora! e forcem um'alma qual a minha 
Que no altar sacrifica ao Deus-Preguiça 
A cantar ladainha eternamente 
E por mil anos ajudar a Missa!

Crepúsculo nas Montanhas




I


Além serpeia o dorso pardacento
Da longa serrania,
Rubro flameia o véu sanguinolento
Da tarde na agonia.


No cinéreo vapor o céu desbota
Num azulado incerto,
No ar se afoga desmaiando a nota
Do sino do deserto...


Vim alentar meu coração saudoso
No vento das campinas,
Enquanto nesse manto lutuoso
Pálida te reclinas


E morre em teu silêncio, ó tarde bela,
Das folhas o rumor...
E late o pardo cão que os passos vela


II


Pálida estrela! o canto do crepúsculo
Acorda-te no céu:
Ergue-te nua na floresta morta
Do teu doirado véu!


Ergue-te!...eu vim por ti e pela tarde
Pelos campos errar,
Sentir o vento, respirando a vida
E livre suspirar.


É mais puro o perfume das montanhas
Da tarde no cair...
Quando o vento da noite agita as folhas
É doce o teu luzir!


Estrela do pastor, no véu doirado
Acorda-te na serra,
Inda mais bela no azulado fogo
Do céu da minha terra!


III


Estrela d’oiro, no purpúreo leito
Da irmã da noite, branca e peregrina
No firmamento azul derramas dia
Que as almas ilumina!


Abre o seio de pérola, transpira
Esse raio de luz que a mente inflama!
Esse raio de amor que ungiu meus lábios
No meu peito derrama!


IV


Estrelinhas azuis do céu vermelho,
Lágrimas d’oiro sobre o véu da tarde,
Que olhar celeste em pálpebra divina
Vos derramou tremendo?


Quem, à tarde, crisólitas ardentes,
Estrelas brancas, vos sagrou saudosas
Da fronte dela na azulada c’roa
Como auréola viva?


Foram anjos de amor, que vagabundos
Com saudades do céu vagam gemendo
E as lágrimas de fogo dos amores
Sobre as nuvens pranteiam?


Criaturas da sombra e do mistério,
Ou no purpúreo céu doureis a tarde,
Ou pela noite cintileis medrosas,
Estrelas, eu vos amo!


E quando, exausto o coração no peito
Do amor nas ilusões espera e dorme,
Diáfanas vinde-lhes doirar na mente
A sombra da esperança!


Oh! quando o pobre sonhador medita
Do vale fresco no orvalhado leito
Inveja às águias o perdido vôo
Para banhar-se no perfume etéreo...


E, nessa argêntea luz, no mar de amores
Onde entre sonhos e luar divino
A mão do Eterno vos lançou no espaço,
Respirar e viver!

A lagartixa



O que vês, trovador? — Eu vejo a lua
Que sem lavor a face ali passeia...
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.

O que vês, trovador? — No esguio tronco
Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira...
Além se entorna a luz sobre um rochedo,
Tão liso como um pau de cabeleira.

Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia...
Em vez de aromas as douradas ondas
Respiram efluviosa maresia!

O que vês, trovador? — No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejo — e treino de paixão ao vê-las -
As nuvens a dormir, como carneiros.

E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.